O Tribunal Superior Eleitoral deverá
julgar em agosto, concomitantemente com o processo do mensalão no Supremo
Tribunal Federal, o recurso em que o ex-governador do Maranhão José Reinaldo
Tavares (PSB) pede cassação da governadora maranhense Roseana Sarney (PMDB) e a
convocação de novas eleições no estado. Os advogados de Zé Reinaldo, como o
político é conhecido, protocolaram as alegações finais do recurso nesta quarta-feira (13/6)
no TSE.
A advogada Ezikelly Barros, que integra a
equipe de defesa da governadora, afirmou que suas alegações finais serão
entregues nos próximos dias — o prazo estabelecido é de dez dias. A defesa de
seu vice-governador, Washington Luiz Oliveira (PT), terá mais dez dias para
ajuizar suas razões. Em seguida, o processo vai para o Ministério Público para
a emissão de parecer. Com o parecer, estará pronto para ser julgado.
O mandato do relator do recurso, ministro Arnaldo Versiani,
termina no começo de novembro. Com isso, a expectativa é a de que ele peça
pauta para julgar o caso logo depois de receber as informações do MP. Como no
recesso de julho os prazos são suspensos, o parecer do Ministério Público deve
chegar às mãos de Versiani no começo de agosto.
Nas alegações finais, os advogados Rodrigo
Lago e Rubens
Pereira Júnior, que representam Zé Reinaldo, pedem a cassação
da governadora por abuso de poder político e econômico. De acordo com a
acusação, Roseana Sarney assinou convênios com prefeituras no valor de quase R$
1 bilhão com nítido caráter eleitoreiro. Na petição, os advogados alegam que os
convênios foram utilizados “como meio de cooptação de prefeitos e lideranças
políticas e sindicais”.
Uma das provas do uso eleitoral dos convênios, segundo os
advogados, é a concentração da celebração de vários acordos nas vésperas da
data da convenção partidária que homologou o nome de Roseana Sarney para
disputar as eleições de 2010, em 24 de junho daquele ano. Uma tabela revela que
nos quatro dias que antecederam a convenção, a governadora assinou 670
convênios que previram a liberação de mais de R$ 165 milhões para diversos
municípios do estado.
“Outro dado a indicar o desvio de finalidade é que, a depender da
secretaria ou órgão estadual, os convênios foram celebrados com os mesmos
objetos e, praticamente, com os mesmos quantitativos. Será que todos os
projetos apresentados pelos municípios e entes privados eram idênticos? Todos
eles apresentaram ao Estado as mesmas reivindicações?”, indagam os advogados de
Zé Reinaldo.
O processo também aponta que, em pleno período eleitoral, o
governo maranhense começou a construir moradias por meio do programa chamado
Viva Casa, com gastos de R$ 70 milhões que não estavam previstos no orçamento.
As alegações finais, que somam 79 páginas, trazem planilhas que mostram que a
votação de Roseana foi expressiva justamente nos municípios beneficiados com os
recursos dos convênios fechados em ano eleitoral.
Ainda na peça, os advogados sustentam que a influência das ações
da governadora no resultado eleitoral é facilmente perceptível. Roseana ganhou
as eleições no primeiro turno por 0,08% dos votos a mais que a metade dos votos
válidos. “Isso representou uma ínfima diferença de 4.877 votos”, afirmam. O
atual presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB), ficou em segundo lugar com
29,5% dos votos e Jackson Lago (PDT) em terceiro, com 19,5%. Sem os convênios
irregulares, sustentam, as eleições teriam ido para o segundo turno.
FONTE: CONJUR