Em decisão proferida na última quarta-feira
(16/5) a juíza da 53ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, Alessandra Japone
Rocha Magalhães, determinou a suspensão dos trabalhos da Comissão Eleitoral do
Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal no Estado do Rio de
Janeiro.
O motivo da suspensão foi bastante prosaico:
dos cinco membros da comissão, quatro “são alvo de investigação criminal no
combate ao crime organizado e corrupção policial da Polícia Federal”. Eles
“foram presos e denunciados, encontrando-se, atualmente, sob liberdade
provisória, já possuindo um deles (Sr. Francisco Martins da Silva) condenação
em processo criminal”, como diz a inicial do processo.
Depois de lembrar que o Estatuto do
Sindicato especifica que os “candidatos a cargos eletivos para o SSPDF/RJ não
poderão estar respondendo a processo por crime infamante”, a juíza do Trabalho
diz que “não se pode admitir que as exigências feitas aos candidatos a cargos
eletivos não se aplique também aos candidatos a membros da Comissão Eleitoral,
em relação à qual deve ser exigida lisura e transparência”.
O agente administrativo Francisco Martins da
Silva foi condenado, em sentença da juíza Ana Paula Viera de Carvalho, da 6ª
Vara Federal do Rio, a reclusão de cinco anos e dez meses, em regime
semiaberto, e a perda do cargo pelos crimes de corrupção passiva e violação de
sigilo funcional no processo principal da Operação Furacão. Ele foi acusado de
passar informações à máfia que explora os jogos eletrônicos no Rio.
Da Comissão Eleitoral fazem parte ainda os
policiais federais Antonio Oton Paulo Amaral, que é réu nos processos das
operações Cerol e Furacão II (acusado dos crimes de contrabando, facilitação de
contrabando, favorecimento pessoal e favorecimento real), Álvaro Andrade da
Silva , réu no processo da Operação Cerol (acusado de corrupção passiva,
formação de quadrilha, violação de sigilo funcional, favorecimento pessoal e
favorecimento real) e o escrivão Carlos Alberto Araújo Lima, denunciado em dois
processos da Operação Furacão (crimes de concussão e corrupção passiva). O
quinto membro da Comissão, que não responde a processo, é José Carlos Thomas da
Silva.
O processo na Justiça do Trabalho foi provocado
pelo próprio Sindicato dos Policiais Federais e seu atual presidente, o agente
de polícia federal Telmo Correa Pereira dos Reis. Ele se elegeu em 2006,
sucedendo diretoria à qual os cinco membros da Comissão Eleitoral seriam
ligados.
Reis garante que, quando assumiu o cargo, a
entidade acumulava dívida de R$ 11 mil, além de funcionar em uma sala em
péssimo estado. Hoje, a entidade que tem 1,8 mil sindicalizados entre agentes
de polícia, escrivães, papilocopistas e agentes administrativos, possui um andar
inteiro em prédio atrás da superintendência do DPF no Rio e investimentos que
chegam a R$ 1,5 milhão.
Para o atual presidente, o grupo na Comissão
Eleitoral quer eleger uma chapa de sua confiança para assumir o sindicato, de
olho nesse dinheiro. A comissão, logo após ser eleita em uma assembleia que
havia sido suspensa, assumiu exigindo R$ 5 mil para despesas, reivindicando
depois a contratação de uma empresa por R$ 80 mil para “preparar as eleições”,
segundo Reis.
Na Polícia Federal, há quem acredite que o
grupo também está de olho no poder político da entidade para sair em defesa de
policiais processados e afastados dos cargos.
A eleição da comissão deu-se em
assembleia-geral extraordinária que fora suspensa por motivo de doença do
presidente. Depois, numa segunda AGE, o grupo conseguiu mobilizar aposentados e
manteve a escolha dos cinco nomes. Foi quando o presidente da entidade sindical
resolveu recorrer à Justiça do Trabalho, que atendeu ao pedido com a decisão
cautelar de suspender todo o trabalho da Comissão.
O grupo, após ser eleito, publicou edital no
dia 26 de abril convocando a eleição para os dias 5 e 6 de julho. Com isso, o
prazo para inscrição de chapas expirava nos dias 5 e 6 de maio, em pleno fim de
semana. Duas chapas foram inscritas, inclusive uma do atual presidente. Mas
Thomas da Silva só recebeu uma — de oposição — e ainda queria registrar outras
duas que não se inscreveram no prazo.
Toda a celeuma criada está na expectativa da
audiência de conciliação marcada pela juíza para o dia 18 de junho. As eleições
precisam ser realizadas em julho, pois o mandato da atual diretoria vence em
agosto.
FONTE: CONJUR
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